sábado, 2 de agosto de 2014

SOBRE  GANÂNCIA E SOLIDARIEDADE – A (FALTA DE) PERSPECTIVA FUTURA SOBRE A FOME NO BRASIL


A aferição da dimensão da fome ou da deficiência energética crônica em uma população pode ser feita a partir da avaliação das reservas energéticas dos indivíduos ou, mais especificamente, a partir da proporção de indivíduos emagrecidos. Embora a deficiência energética crônica seja um evento essencialmente familiar, acometendo simultaneamente crianças e adultos, sua aferição se torna mais específica quando feita sobre indivíduos adultos – crianças podem responder à deficiência energética com a redução do crescimento linear, enquanto adultos sempre respondem com o emagrecimento. Consideram-se magros os adultos que têm relação peso/altura (Índice de Massa Corporal) inferior a 18,5 kg/m2Em populações onde se sabe não existir fome, adultos magros não ultrapassam 3% a 5% da população, considerando-se proporções acima desses valores como indicativas de risco de deficiência energética crônica. A OMS classifica proporções de adultos magros entre 5% e 9% como indicativa de baixa prevalência de déficits energéticos, o que justificaria a necessidade de monitorar o problema e estar alerta para sua eventual deterioração. Proporções entre 10% e 19% caracterizariam prevalência moderada da deficiência energética crônica enquanto proporções entre 20% e 29% e proporções iguais ou superiores a 40% caracterizariam, respectivamente, prevalências altas e muito altas (WHO, 1995).
Em uma pesquisa recente 2013-2014 do think tank global “The Millennium Project”, chama-se a atenção sobre um novo desafio alimentar, a denominada “fome oculta”com projeções futuras negativas, se não for abordada de maneira integral, em escala local, nacional e mundial. A FAO estima que 30% (2 bilhões de pessoas) passam “fome oculta”caracterizada como situação em que se ingere calorias o suficiente, mas a carecem de quantidade de minerais e vitaminas.
Embora a porção de pessoas no mundo que passam fome tenha caído de 30% em 1970 (quando a população mundial era de 3,7 bilhões) para 15% hoje (com uma população de 7 bilhões, das quais a grande maioria estão na África e Ásia) as preocupações aumentaram com relação à variedade e qualidade nutricional da comida. Alguns pesquisadores argumentam que a industrialização da cultura reduz o conteúdo nutricional dos cultivos, aumentando assim o risco de fome oculta.
Pode-se perceber, então, que a fome no mundo e, consequentemente no Brasil, diminuiu durante as últimas décadas. Entretanto, as pessoas que antes passavam fome continuam com a mesma pouca seletividade alimentar que antes, o que as torna alvo de doenças resultantes de má nutrição, como doenças cardíacas e disfunções metabólicas. Esse ainda é o lado bom da história da fome.
Malthus parece ter sido negado, no sentido em que a população aumentou, mas a produção mundial de alimentou sofreu crescimento ainda maior. No entanto, ainda uma significativa parcela da população mundial passa fome, o que destrói o mito do desenvolvimento idealista e desmascara a injustiça oriunda do capitalismo. Eis o lado desagradável.
Diante desse cenário, fica-se dividido entre os elogios às conquistas superadas e às críticas aos erros seculares; entre o aplauso às pessoas que conseguiram ascender socialmente e a vaia àquelas que não deram oportunidades a quem mais precisa. As perspectivas futuras para o cenário da fome no Brasil são um tanto obscuras devido a tal dualidade, mas uma coisa pode-se afirmar: a fome é um problema social que pode ser resolvido com ação conjunta de governo e população. Só resta averiguar se a ganância ainda subjuga a solidariedade, como tem sido de costume durante tanto tempo. Nessa disputa, poucos parecem ganhar, mas todos podem perder.


REFERÊNCIAS: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142003000200002
http://americaeconomiabrasil.com.br/content/fome-oculta-o-novo-desafio-alimentar-mundial 
BRASIL: POTÊNCIA EM ASCENSÃO OU SUBDESENVOLVIMENTO MAQUIADO?



            A imprensa tem divulgado declarações que variam desde que não haveria mais fome no país até as que afirmam que existem mais de 50 milhões de famintos no Brasil. O novo governo adota o número de 40 milhões de pessoas que não teriam condições de se alimentar adequadamente todos os dias.
Que informação mais se aproxima da realidade? Como definir políticas públicas adequadas a partir de diagnósticos tão diferentes? Infelizmente, não existe uma resposta simples para estas perguntas. Não existe uma verdade única, mas sim diferentes visões de uma mesma realidade.
Todos olham para o mesmo Brasil, mas com diferentes perspectivas - o que gera diferentes visões sobre uma realidade que é indistinta. Por exemplo, no começo da gestão de um governo, provavelmente o saldo que ele fará da situação da fome no Brasil será negativo, visto que foi fruto do esforço da oposição. Já no fim de sua gestão, um governo olhará para o país com olhos de superação e poderá cometer o erro de analisar friamente números ou esquecer fatores como aumento de população, aumento de custo de vida, aumento da pressão consumidora, aumento da insalubridade no trabalho, dentre outros.
A reflexão sobre a fome no Brasil, portanto, perpassa complexas questões sociais e pressupõe uma visão crítica e conjunta dos vários setores sociais. A questão da alimentação, da fome e da má nutrição não pode ser olhada exclusivamente em sua dimensão econômica (acesso à renda), alimentar (disponibilidade de alimentos) ou biológica (estado nutricional). O ato de se alimentar e alimentar familiares e amigos é uma das atividades humanas que mais reflete a enorme riqueza do processo histórico de construção das relações sociais que se constituem no que podemos chamar de "humanidade", com toda a sua diversidade, e que está intrinsecamente ligado à identidade cultural de cada povo ou grupo social. (Valente, 2002).
A alimentação humana se dá na interface dinâmica entre o alimento (natureza) e o corpo (natureza humana), mas somente se realiza integralmente quando os alimentos são transformados em gente, em cidadãos e cidadãs saudáveis.
Comparativamente, pode-se citar o exemplo da escravidão no Brasil: os escravos tinham alimentação e não morriam de fome, mas caracterizá-los como apropriadamente nutridos é, evidentemente, um equívoco. Uma grande parte da população brasileira ainda não se alimenta adequadamente por não ter dinheiro suficiente para escolher o que comer. Dessa forma, perspectivas otimistas podem caracterizá-los como “acima da linha da pobreza” (expressão largamente adotada pelo governo atual), e perspectivas menos idealistas podem classificá-los como nutricionalmente deficientes.
Visto isso, é importante perceber que a fome no Brasil diminuiu inegavelmente nos últimos anos. No entanto, há ainda muito a melhorar e esconder isso atrás de números e estatísticas maquiadas somente engana àqueles sem senso crítico para enxergar a realidade. A melhoria do quadro da fome está diretamente associada à uma política de maior distribuição de renda e depende de uma visão de melhoria tanto do trabalhador da mansão, como do dono da propriedade.


REFERÊNCIA: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902003000100008&lng=en&nrm=iso&tlng=pt



segunda-feira, 21 de julho de 2014

POR QUE É ASSIM NO BRASIL?


            Nessa postagem, a temática da fome no Brasil será discutida comparando-a com a fome ocorrente nos países desenvolvidos. Embora o problema social seja o mesmo, ele se apresenta sob diferentes vertentes de acordo com as características de cada país e, principalmente, a amplitude da distribuição de renda naquele país.
            Alguns até duvidam que os países desenvolvidos, tão pomposos quando falam das admiráveis condições de vida de suas populações, sequer enfrentam (ou já enfrentaram) a problemática da fome. É fato que a maioria deles já teve momentos de precariedade em sua história, e se atualmente se apresentam com alto grau de desenvolvimento, isso provavelmente se deve a forma que enfrentaram os problemas sociais ora latentes.
            De fato, olhando para a história percebe-se que na metade do séc. XIX, as populações europeias foram vítimas de inanição frequente. A falta de transporte fazia com que cada pequena localidade dependesse de sua própria colheita e uma falha desta, resultaria em inanição, mesmo que, em localidades relativamente perto, a colheita fosse normal. Durante o séc. XVIII a França, o mais rico país do continente, sofreu repetidos períodos de inanição. Pelo menos 9 severas falhas da colheita foram registradas nos países escandinavos entre 1740 e 1800, e, cada uma delas, resultando em um acentuado aumento do coeficiente de mortalidade. Na Noruega, o coeficiente de mortalidade, em 1741, foi três vezes maior que em 1736-1740, tendo morrido, no referido ano, 1/15 da população, tendo sido a principal causa, a falha de colheitas, que assolou todo o norte dos países europeus. Na Suécia, durante a severa inanição de 1773, o coeficiente de mortalidade elevou-se para 52,5/mil habitantes.
            Todos os citados países apresentam atualmente ótimas condições econômicas, o que levanta imediatamente a pergunta: E o Brasil?
            De acordo com a postagem anterior, O Brasil conseguiu reduzir o número de pessoas subnutridas no País em 2 milhões de pessoas no último triênio(vide postagem “ Histórico da fome no Brasil”). Os números, embora animadores, não podem enganar: a fome no país ainda é um problema crônico e presente.
            Isso leva à pergunta: por que isso ocorre até os dias atuais no Brasil? Bom, a fome no Brasil resulta de um processo histórico de distribuição desigual de renda – ou melhor, não distribuição. E a fome persiste até hoje porque a desigualdade entre as rendas ainda permanece.
            À luz desse quadro, é visível que a população deve cobrar do governo brasileiro mais programas de distribuição de renda e menor rendição à dinâmica capitalista de concentração de riqueza. Não se deve cair na ilusão de que o subdesenvolvimento é apenas um passo para o desenvolvimento, pois apenas trata-se de informação para evitar levantes e cobrança por parte da população. Se o desenvolvimento encontra-se degraus acima do subdesenvolvimento, que pulemos degraus, ao invés de ultrapassá-los um a um.


REFERÊNCIA: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101971000100015&lng=pt&nrm=iso&..

domingo, 13 de julho de 2014

FOME NO PRODUTOR MUNDIAL DE ALIMENTOS


            A principal incumbência dos animais é obter o alimento diariamente para poder perpetuar sua espécie. Seja caçando ou abrindo a geladeira. A fome, e a necessidade de controlá-la, é universal entre os integrantes do Reino Animmalia. Os seres humanos, como animais, portanto não são diferentes. A diferença é que como o homem estabeleceu-se em sociedades altamente complexas, o seu método de obtenção/distribuição/uso do alimento se torna dependente de fatores socioeconômicos, diferentemente dos outros animais.
            A atual produção mundial de alimentos é superior à capacidade de consumo dos seres humanos. Assim, podemos constatar que a fome não resulta de uma baixa produtividade ou de pouca produção de alimentos no mundo. A questão, entretanto, é a seguinte: como os 860 milhões de seres humanos que passam fome podem ter acesso aos alimentos? No cerne da fome no Brasil, estabeleçamos três vertentes de possíveis respostas:
1)    Desigualdade econômica: Provavelmente o principal obstáculo no caminho de combate à fome. No Brasil, alimentar-se corretamente continua caro. Quando se fala “adequadamente”, tenta-se aludir a uma alimentação completa de nutrientes e não apenas a saciedade. A alimentação mais adequada, com frutas, carboidratos, sais minerais e vitaminas é frequentemente substituída pela alternativa de alimentos mais baratos industrializados e pré-prontos, principalmente pelos mais pobres. Isso cria uma situação de “fome nutricional”, diferente do sentido fisiológico da fome.
2)    Brasil produtor mundial de gêneros lucrativos: O Brasil produz excessivamente soja, café, algodão, cacau, laranja, enfim, as monoculturas destinadas à exportação, produtos que, em sua maioria, não são consumidos pelos brasileiros. Por outro lado, o país produz pouco arroz, feijão e mandioca, produtos que constituem a base alimentar dos brasileiros e passaram a ser importados com dinheiro das assim chamadas divisas do superávit da balança comercial, resultante das exportações agrícolas. Essa é uma das formas de desigualdade que contribui para a concentração de renda nos países ricos e pobres e para o aumento da fome. 
3)    Pouco incentivos a programas de agricultura familiar: Consequência do fator de número 2, uma vez que a monocultura exportadora traz mais lucros e benefícios a curto prazo. Historicamente, a agricultura de subsistência sempre viveu em detrimento da agricultura comercial. A agricultura familiar não recebe apoio público na forma como deveria receber, considerando sua importância para a soberania alimentar das nações. O debate sobre os subsídios agrícolas também é fundamental no que se refere à alimentação. Na Europa, por exemplo, é subsidiada a agricultura que não precisa do subsídio (os grandes produtores rurais e corporações agrícolas), em função da pressão política das suas organizações. O governo apoia, prioritariamente, quem expande sua capacidade produtiva, o que gera um problema de superprodução. Em seguida, para compensar os baixos preços decorrentes do excesso produzido, os governos subsidiam a exportação desses produtos, que entram no mercado internacional, destruindo a produção em outros países e gerando uma nova dependência.

Assim, percebe-se que a fome no Brasil é resultado de um processo histórico. Para superá-lo, provavelmente a população precisará se mobilizar no sentido de desatrelar os governantes das amarras comerciais as quais eles impuseram o país. O ser humano, no campo da selva capitalista, precisa superar uma presa maior e mais infiel que os outros animais: a desigualdade econômica.

REFERÊNCIA: http://www.nossofuturoroubado.com.br/arquivos/maio_09/trangenicos_producao_de_alimentos.html

domingo, 6 de julho de 2014

HISTÓRICO DA FOME NO BRASIL

            “A miséria no Brasil não é algo ocasional, mas resultado de um processo histórico que não resolveu questões básicas. Com a explosão dos índices de desemprego nos anos 90, ela se agravou. Hoje, há um amplo consenso de que o mais terrível dos efeitos da miséria, a fome, não é causada pela falta de produção de alimentos, mas pela falta de renda das famílias para adquirir os alimentos na quantidade necessária e com a qualidade adequada”. Esse é um dos tópicos da campanha eleitoral do ex-presidente Lula e que demonstra pertinência em qualquer época, já que a fome ainda é uma constante no país.
            
O problema da fome no Brasil tem suas raízes no processo histórico-político da formação da nossa economia, tendo suas origens no período colonial (séculos XVI ao XIX), relacionado com a prioridade do mercado exportador de matéria-prima (açúcar, tabaco, ouro, diamante, algodão, café) sobre o mercado interno (mandioca, feijão e milho) e da concentração da riqueza da colônia nas mãos de poucos proprietários. Inicialmente a população que tinha como base à cultura da cana de açúcar e o trabalho escravo se fixou ao longo do litoral. No século XVII, com o desenvolvimento da pecuária e da cultura de subsistência, foi acontecendo a interiorização do povoamento. Até então, a população conseguia manter um bom nível de autossuficiência alimentar. A partir do êxodo no sentido da Capitania das Gerais, com o início do Ciclo da Mineração aconteceu à importação de gêneros alimentícios de outros locais, em decorrência de dificuldades no transporte e conservação dos alimentos. Esse novo cenário de deficiência de abastecimento dos gêneros teve como consequência à elevação dos preços, a fome e distúrbios da ordem social - tanto os pobres como os senhores de engenho se sentiram prejudicados, uma vez que a alimentação da mão de obra escrava se problematizava. Entre o final do século XVII e início do século XVIII, tivemos 25 anos de fome no Brasil e outros dois terços de carestia e penúria. O cerne da questão se encontrava nas relações entre o grande produtor mercantil e a produção para o abastecimento interno, pois o comércio colonial oferecia rendimentos muito mais elevados, delegando um perfil de pobreza aos pequenos agricultores. No início do século XVIII, o governo colonial tenta impedir a mudança de cultivo de gêneros pelos agricultores, gerando crescente tensão entre os dois segmentos com os mecanismos de fluxo de renda no interior da colônia como principal força motriz da crise. A primeira ação de governo para evitar a fome foi tomada ainda em 1700: grandes áreas de cultivo de cana de açúcar e tabaco foram substituídas para dar lugar as plantações de alimentos. Em fins do século XIX e início do século XX, a abolição da escravatura e a expansão demográfica, em simultâneo com a difusão do modo de produção capitalista no mercado interno desencadearam uma série de transformações no sistema produtivo e na estrutura de classes no país. As manifestações se fizeram sentir nos movimentos contra a carestia e a perda do poder aquisitivo das classes populares. Durante a guerra, o mercado exportador de alimentos cresceu, mas em torno de 1920, começou a ter a concorrência acirrada do mercado internacional. 
Hoje, o problema da fome no país está dando sinais de melhora, entretanto ainda esbarra em questões sociais, das quais destaca-se a desigualdade econômica. O Brasil conseguiu reduzir o número de pessoas subnutridas no País em 2 milhões de pessoas no último triênio, segundo o informe ‘O Estado da Segurança Alimentar no Mundo’ (SOFI 2012), publicado conjuntamente pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA). De acordo com a FAO, o número de pessoas subnutridas no Brasil reduziu de 23 milhões (1990/92) para 13 milhões (2010/12). Somente nos últimos três anos, houve uma redução de 15 milhões (2007/09) para 13 milhões (2010/12), representando uma queda de 13%.

Esse sucesso é atribuído geralmente aos programas assistencialistas, como o Bolsa Família e o aumento do poder aquisitivo do brasileiro. No entanto, nem tudo são flores: o país ainda apresenta altíssimos índices de disparidade econômica, indicando que a fome poderia ser bem menor do que é. Não devemos nos conformar com tão pouco, principalmente tendo em vista o histórico do país de conquistas sociais condicionadas pela mobilização da população.



REFERÊNCIAS:  http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=467
                              http://www.onu.org.br/fao-brasil-reduziu-a-fome-em-dois-milhoes-de-pessoas-nos-ultimos-3-anos/
                             http://www.ufrn.br/davinci/abril/contracapa.htm 


           
           

             

segunda-feira, 23 de junho de 2014

QUANDO A SAÚDE BATE APENAS ÀS PORTAS MAIS BEM ADORNADAS

            É inegável que uma maior quantidade de brasileiros atualmente têm mais acesso à alimentação, quando se compara os números atuais de pessoas desnutridas com os números de 40 anos atrás. No entanto, o aumento do poder econômico não parece ter sido acompanhado de educação alimentar e o que poderia indicar um avanço no sentido de uma população saudável, na verdade, parece seguir o raciocínio contrário. Na verdade, as estatísticas de obesidade parecem, surpreendentemente, predominar entre a classe C(a tão anunciada nova classe média).

            O preço é o principal entrave para que a comida saudável se popularize no país. Empresários do setor relatam que, por utilizarem alimentos frescos e perecíveis, seus custos são mais altos e a logística, mais complexa. Daí os pratos serem mais caros.
            “Quem não comia nada e passou a ter condições de se alimentar não está preocupado com comida saudável. Essas pessoas ainda estão em outro momento”, avalia Ricardo Daumas, diretor de foodservice da consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza. “Leva tempo até que se informem, se aculturem e mudem para um padrão melhor de alimentação.”
Por tudo isso, a maioria dos negócios que apostam em culinária saudável são voltados para consumidores das classes A e B. Hoje, metade dos recursos que este público destina à alimentação corresponde a gastos com refeições fora do lar, aponta o IBGE – porcentual semelhante ao padrão europeu. Entre todas as classes sociais, entretanto, as refeições fora de casa consomem 29% dos recursos com comida.
É importante lembrar também que, além de terem condições de arcar com os custos de dietas mais saudáveis, os constituintes das classes mais altas frequentemente apresentam menor jornada de trabalho, maior tempo de exercícios físicos e maior informação. Ao passo que pessoas de classes mais baixas ainda conservam a mentalidade de que é saudável quem ingere maior quantidade de alimentos e não possuem tanta informação nutricional adequada e, mais importantemente, ainda não foram instruídos à “cultura dos alimentos verdes”.

Dessa forma, as classes D e E são alvos fáceis da disseminação da cultura alimentar midiática dos fast foods e frituras, uma vez que são ludibriados com a ideia de que esse tipo de alimentação os enfeitará com o status de classe média que, afinal, demoraram tanto a conseguir. Enquanto alguns ainda repousam sobre o ditado de que come melhor quem come mais, outros se conservam mais saudáveis por mais tempo. Novamente, a doença parece escolher por classe social e a saúde parece cobrar por honorários.

            


   
                      http://pme.estadao.com.br/noticias/noticias,preco-atrapalha--mas-alimentacao-saudavel-deve-chegar-ate-a-classe-c,1394,0.htm


sábado, 14 de junho de 2014

EFEITOS  DA CARÊNCIA DE PROTEÍNAS



Continuando com as postagens sobre os efeitos bioquímicos da fome, especialmente olhando para o Brasil, falaremos agora um pouco sobre quais os efeitos inerentes à carência de proteínas no organismo humano.
A fome crônica é uma carência constante de alimentos suficientes para manter o organismo em perfeito funcionamento.  Difere da fome aguda, que é um tipo de fome intensa e momentânea, causada pela privação temporária de alimentos. Os indivíduos ou populações sujeitos à fome crônica pertencem a comunidades pobres, são pessoas desnutridas e que desenvolvem diversas doenças em consequência da falta de nutrientes necessários para a constituição de saúde física e intelectual.
Nesse intuito, essas pessoas frequentemente são acometidas com a falta de proteínas no organismo, o que, devido às inúmeras funções desses compostos poliméricos no corpo humano, certamente trará graves prejuízos.
As proteínas são responsáveis pela formação e manutenção dos tecidos celulares e pela síntese dos anticorpos contra infecções. Produzem ainda energia e ajudam na formação da hemoglobina do sangue e de variadas enzimas.
Em casos de carência, a falta de proteínas causa debilidade, edemas, insuficiência hepática, apatia e até baixa das defesas do organismo. Em caso de excesso, existe o risco de acidificação sanguínea, gota e doenças renais e reumáticas.
Comparando-se o rendimento energético das principais macromoléculas ingeridas pelo ser humano tem-se, em ordem de prioridade de oxidação:
- carboidratos (4 kcal/g)
- lipídios (9 kcal/g)
- proteínas (4 kcal/g)
Percebe-se então que as proteínas são a “última escolha” do organismo para se manter nutrido e, assim, uma pessoa que apresenta carência de proteínas provavelmente está passando por um grave quadro de desnutrição ou não está se alimentando de forma adequada (está suprimindo um ou mais aminoácidos essenciais de sua dieta).
Nesse contexto, é importante destacar o caso da dieta vegana: devido à suspensão de quaisquer alimentos de origem animal, o senso comum leva a pensar que tal dieta é sempre insuficiente. No entanto, com o planejamento adequado, uma dieta vegana é capaz de fornecer toda a proteína necessária ao organismo humano em qualquer fase da vida, o que inclui também a infância e a gestação. Isso é verdadeiro não apenas em termos de quantidade, mas também em termos de qualidade, haja vista que as fontes vegetais de proteína fornecem todos os aminoácidos essenciais de que o corpo humano necessita. As fontes de proteína principais são as leguminosas (feijões, lentilha, ervilha, grão-de-bico, soja e derivados) e as oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas e sementes, como as de gergelim e girassol). Os aminoácidos obtidos dessas fontes ricas em proteína são completados por um aminoácido encontrado nos cereais integrais. Apesar de não serem alimentos ricos em proteínas, os cereais integrais contribuem completando as boas fontes anteriormente citadas, garantindo assim uma ingestão completa.
Mais uma vez vê-se que a fome é universal e não se importa com o preço do prato em que se come, mas sim a qualidade do alimento que ele contém.

REFERÊNCIAS:
http://www.alimentacaosaudavel.org/Proteinas.html
- http://www.nutriveg.com.br/sobre-a-suficiecircncia-proteacuteica-da-dieta-vegana.html
- http://www.significados.com.br/fome-aguda